Tiago, na verdade esse conceito de trasfegar para um secundário vem do processo industrial. A trasfega de um fermentador para um maturador é um processo bem comum na indústria, chamado FerMAT (fermentation, maturation), apesar de que o processo mais utilizado hoje em dia, em função de custos, é o UniTank (um fermentador que age como maturador). O fermat é ótimo para serialização de processos, enquanto o unitank é de mais baixo custo para implantação.
Fazendo uma leitura do slurry, de baixo pra cima, temos:
- um pouco de trub
- células velhas
- células boas para se coletar
- células novas
As células novas, que decantam por último, não tem uma boa floculação. Ou seja, elas não aglutinam muito bem. Isso faz com que o topo de um slurry não seja compactado como o fundo. É praticamente uma nuvem de células. Dependendo do formato do fermentador, com o movimento do líquido durante um envase de um fermentador, ocorre um arraste de alguma coisa destas células novas para o barril/garrafa.
Além disso, dependendo do formato do fermentador, alguma porção do slurry costuma se prender às paredes do mesmo. Em um envase, o movimento do líquido novamente causa um arraste de levedura. Por isso se trasfega para um secundário, com o objetivo homogeneizar a clarificação.
Independentemente de trasfegar ou não, a cerveja que se encontra mais no topo do fermentador já está clarificada. A trasfega para um secundário apenas beneficia o cervejeiro em conseguir coletar um volume maior de cerveja no final em função de deixar mais fermento decantar por mais tempo. A desvantagem é que dá mais trabalho.
Em resumo, é um detalhe de processo, que pode ou não ser benéfico à cerveja dependendo da levedura utilizada e do formato do fermentador. Mas, em última instância, depende dos objetivos do cervejeiro, o que ele quer para a cerveja.
Espero ter ajudado.