VictorCoelho
Well-Known Member
- Joined
- Aug 12, 2013
- Messages
- 504
- Reaction score
- 81
Valeu Tiago!
Concordo contigo.Oi Guenther,
Concordo contigo que é possível obter bons resultados inoculando numa temperatura mais alta e baixando depois pra temperatura normal da fermentação, se for possível voltar a temperaturas altas no final. Inclusive no livro Yeast (p.67) os autores sugerem que isso é uma forma aceitável de compensar uma taxa de inoculação um pouco (não extremamente) inferior do que a correta.
Porém, (aqui to fazendo uma livre tradução do trecho que segue no livro) quando o cervejeiro tem disponível uma taxa apropriada de células saudáveis e tem possibilidade de abaixar a temperatura do mosto em tempo razoável para temperaturas de fermentação, a melhor opção para a qualidade da cerveja normalmente é inocular na temperatura de fermentação ou levemente abaixo da mesma, deixando subir até a temperatura desejada no curso de 12 a 36 horas. O benefício desse processo é um crescimento celular controlado, que resulta em células mais saudáveis, menos vazamentos pela membrana celular e portanto, um perfil de gosto/aroma mais limpo.
Então, os precursores do diacetil serão formados numa inoculação mais quente, mas poderão ser reabsorvidos de qualquer maneira no final, mas as chances num apanhado geral (porque são muitas outras variáveis que contribuem) de melhor evitar off-flavors ainda assim seria de inocular mais baixo.
Desse ponto eu acredito que a prática começa a se tornar algo pessoal, pelo fato de estarmos lidando com organismos vivos e de isso não ser a unica variável determinante, considerando que ainda tem pitching rate, oxigenio, nutrientes, equipamento, etc.etc...
Sendo assim eu digo que meus resultados melhoraram inoculando na temperatura de fermentação, o que não quer dizer em absoluto que sejam perfeitos, pq ainda cometo muitas falhas! também não quer dizer que sejam melhores do que os de quem inocula mais quente e sabe lidar melhor com isso e ainda por cima com as outras variáveis, tendo resultados excelentes e até superiores!
Abraço
Concordo contigo.
Aliás, essa parte do livro, na minha opinião, carecia de melhor clareza na explicação. Pois antes disso, se não me engano ele cita exatamente a mesma coisa, e fala que a temperatura target, por exemplo, seria 20, então o interessante seria começar a fermentação (borbulhar) a 18 e então deixar subir naturalmente ao longo das próximas 36 horas para os 20.
A questão é... o que de fato é melhor? Inocular mais quente e baixar a temperatura para que quando iniciar de fato a replicação (fermentação, que é o mais crítico) esse crescimento seja controlado (alguns graus abaixo do target)?
Ou o melhor é inocular já com o mosto frio?
Ok, eles falam que inocular mais quente gera mais precursores de diacetil, mas e fazendo pitch em temperatura mais baixa, por que isso não ocorre? Quais as diferenças nas reações?!!?!?? EU QUERO SABER... hehehehe.
Esse é o principal ponto que me gera dúvidas até hoje, pois o livro não é claro nesse ponto... ele diz "pode isso", "pode aquilo", e por aí vai.
Resumindo, o importante é a temperatura quando de fato começa a fermentação (replicação/borbulhamento)?
Ou o importante é a temperatura quando de fato jogamos o fermento no mosto?
Eu.... tendo a achar.... e somente tendo... que o importante seja a temperatura no início da fermentação, e não da inoculação de fato. Me inclino nessa opinião pois acho que se fosse inoculação eles escreveriam alguma coisa mínima recomendando o resfriamento do starter ou leveduras hidratadas antes de inocular, pois a diferença pode ser muito grande entre o starter e o mosto na suposta temperatura perfeita de inoculação, e grande diferença entre eles é maléfico.
É a duvida...
Vou encher o saco do John Palmer quando ele vier no evento da ACervA Catarinense, que aliás, será imperdível.
Abraço,
Guenther, mais um termo: pitch?
Bem nessa, esse tipo de coisa que precisamos saber.Cara, também quero saber! Vou pesquisar um pouco pra ver se encontro alguma resposta melhor pra isso, pq realmente essa parte não é muito clara no livro e parece não ser muito clara em lugar nenhum, teremos que entender melhor o ciclo da fermentação pelo menos até a parte em que acetolactato vaza da célula e é oxidado em diacetil.
De qualquer forma uma perguntando bem da prática da cerveja que me surge no momento é: considerando inocular mais quente, vamos supor 24ºC, pra fermentar a 18ºC, qual seria o limite entre estar resfriando rápido demais e estressando o fermento / resfriando lento demais e já começando a síntese desses elementos precursores...
Abraço
Raphael, seu sei que a temperatura altera. Eu e o Tiago estávamos falando justamente disso, até citando o que está escrito no livro Yeast.... a questão é que não há aprofundamento na questão sobre QUAIS reações acontecem.Guenter,
O que acontece no início da fermentação é que todas as reações têm sua velocidade alterada pela temperatura do mosto. Por isso a menor formação de precursores de diacetil a baixas temperaturas. É certo que o início da fermentação com temperaturas mais altas não só aumenta a formação de diacetil, como também produz uma cerveja mais ácida e acelera demais a velocidade da fermentação. Isso porque a temperatura ótima de atividade do fermento é na casa de 35oC - seguramos a temperatura para minimizar off flavours.
Na minha opinião, é importante inocular o fermento em temperaturas abaixo da temperatura inicial de fermentação justamente para que a adaptação do fermento ao meio - a fase lag - aconteça sem muito stress pra levedura.
No fim, temperatura de fermentação não só impacta na atividade do fermento, mas também na retenção de aromas e antioxidantes naturais (so2). Trabalhar com temperaturas altas, mesmo que só no início, pode acelerar a velocidade de fermentação e a geração muito rápida de CO2 arrastar todos esses componentes.
Por outro lado, essa redução de temperatura que tu faz no início pode dar um choque térmico no fermento, e fazer com que parte dele decante ainda no início, pois o que o manterá em suspensão é exatamente a formação de CO2 e o fluxo ascendente do mesmo no fermentador.
Cara, trabalho com cerveja há alguns anos, e adoro o assunto fermentação. Estou começando agora um projeto para produção de cervejas artesanais.
Conheço pouco do mundo de cerveja caseira, mas me coloco à disposição pra ajudar com o - ainda pouco - conhecimento que tenho.
Abraços!
Raphael
O motivo é simples...Vou dar uma pesquisada no material que tenho. Mas ainda me soa estranho dar essa reduzida na temperatura.
Se a fase lag é para adaptação do fermento, porque colocá-lo em uma condição diferente e depois alterar? Entendo que pode reduzir o tempo de fermentação.
Gostei do tópico! Vamos acrescentar informação!
Abcs!
O deve acontecer com a cerveja que vai para a fermentação secundária antes de terminar por completa a primeira? Ficará menos alcólica e mais densa, e o que mais? Ela tem dificuldade para eliminar os off flavors? Gera mais ou menos esteres?![]()
Só o seguinte, a fase exponencial não necessariamente começa a partir de 4 horas... isso pode levar bem mais tempo, e nós vemos que ela começa justamente pela geração de CO².Como o Tiago falou, não tem como tu interromper a primária e começar a secundária. A secundária só acontece se os açúcares acabaram, ou seja, se a primária acabou.
Abraço,
Eu não consigo ter esse controle de ir aumentando gradualmente a temperatura na fermentação secundária pq meu freezer pra fermentação fica na casa da minha sogra em outra cidade....
Consigo ir ver a cerva uma vez por semana, nos finais de semana geralmente...
O que seria o menos pior no meu caso? Uma semana de fermentação à 18 graus (no caso de uma ale) e uma maturação à frio mais longa, tipo 2 semanas?
Só o seguinte, a fase exponencial não necessariamente começa a partir de 4 horas... isso pode levar bem mais tempo, e nós vemos que ela começa justamente pela geração de CO².
Abraço,
Na minha opinião, sem ter tempo pra ir lá e aumentar a temperatura, eu fermentaria em torno de 18, 19, e deixaria mais uma semana nessa temperatura, só pra depois baixar tudo.Eu não consigo ter esse controle de ir aumentando gradualmente a temperatura na fermentação secundária pq meu freezer pra fermentação fica na casa da minha sogra em outra cidade....
Consigo ir ver a cerva uma vez por semana, nos finais de semana geralmente...
O que seria o menos pior no meu caso? Uma semana de fermentação à 18 graus (no caso de uma ale) e uma maturação à frio mais longa, tipo 2 semanas?
Cara, eu acho muito difícil, e digo pela prática pois eu inoculo fermento entre 25 e 30 graus há muito tempo, e sinceramente, deve fazer uns 3 anos a última vez que tive diacetil em uma cerveja (quando eu ainda inoculava em baixa temperatura), e isso foi por fermentar uma Irish Red no inverno, a 17 graus, com pouco tempo posterior de fermentação secundária.Guenther,
Me surgiu uma questão relacionada ao diacetil na inoculação quente como possivel consequencia de uma porcentagem de células em fase exponencial VS temperatura do mosto naquele momento.
Digo, considerando que esse conceito de "fase" diz respeito a um dado momento em que um numero majoritario de celulas está se comportando da mesma forma. Sabemos que não é a totalidade delas, por isso a indicação do livro para o começo da fase exponencial sendo 4 horas a partir do inóculo.
Será q haveria quantidade suficiente de células "adiantadas" nessa fase pra gerar mais precursores do que poderia ser posteriormente reabsorvido caso não voltasse a aumentar a temperatura no fim da fermentação?
Nesse caso já deixaria de ser uma questão de como a temperatura da LAG fase atuaria na produção de diacetil e sim dos primeiros movimentos da fase exponencial que acontecem em simultaneo...
Esse é o ponto que eu gostaria e conhecer mais, se esse aumento na geração desses precursores seria pela oxidação, como tu falaste, Paulo.Eu acredito que essa ideia de inocular a uma temperatura mais baixa para minimizar a produção de diacetil tenha a ver com o fato do diacetil ser produzido através da oxidação do acetolactato (composto intermediário da produção de aminoácidos pela célula). Essa oxidação é puramente química (ou seja, não enzimática) e, portanto, ocorre de forma mais acelerada em temperaturas elevadas.
A produção de diacetil começa na fase lag e vai até algum ponto da exponencial, quando começa a ser reduzido. Portanto, até faz algum sentido nessa logica de deixar a temperatura mais baixa no começo (para minimizar a produção) e aumentar no final (para acelerar a redução).
Existem algumas leveduras que produzem bastante diacetil e outras em que ele é praticamente imperceptível. Pela minha experiência, na imensa maioria dos casos o diacetil passa batido para quem faz uma fermentação bem feita e no tempo certo.
Particularmente, acho que se preocupar com diacetil é perda de tempo (a não ser para grandes cervejarias que precisam colocar uma lager na rua em uma semana). Mas pra elas existe Maturex.