Assim... segundo o livro Yeast, o ideal é que a diferença de temperatura entre o fermento e mosto não seja maior que 8 graus. Acima desta diferença de temperatura, corre-se risco de serem gerados petit mutants.
Já sobre inocular em temperatura mais alta e depois ir baixando, é uma técnica muito utilizada tanto por homebrewers como por cervejarias.
Ocorre que nessa fase de lag-time, enquanto o fermento está simplesmente se adaptando ao meio, não há problemas significativos em inocular numa temperatura mais alta; isso inclusive acelera esse processo. Há textos dizendo que isso é inclusive benéfico, mas também há textos que dizem que os pre-cursores de alguns off-flavors (como diacetil) são gerados em maiores quantidades se a lag-phase for levada em temperatura mais alta.
Bom, dito isso, o que eu observo? Eu observo que em Ales dá pra usar essa técnica TRANQUILAMENTE. Basicamente, como uma recomendação geral, de 30 pra baixo pode-se inocular as Ales e então deixar que a geladeira/refrigeração termine de baixar a temperatura ao decorrer das próximas horas para para os 18 graus (caso a temperatura que se queira fermentar seja 20, por exemplo). Por que eu digo tranquilamente? Por que mesmo que estes precursores de diacetil e outras coisas sejam gerados em maiores quantidades, a capacidade do fermento ale em reabsorver esses compostos é tão grande (se feita uma correta fermentação secundária) que é quase impossível ter problemas de diacetil somente por causa disso.
Já nas Lagers... eu tenho outra interpretação. Bioquimicamente eu vejo que ocorrem as mesmas coisas em relação à geração desses precursores, mas notadamente, as lagers sempre mostram níveis muito maiores de diacetil do que as Ales, e eu sinceramente creio que isso se deva à característica do fermento não só de gerar diacetil, mas também numa capacidade menor de reabsorção, além do que as lagers normalmente tem aromas mais delicados, o que torna mais fácil o diacetil aparecer.
Ou seja, o que eu observo é que os melhores fabricantes de lagers (homebrewers ou cervejarias) praticam o inóculo em temperaturas já na faixa de início da fermentação, pois isso além de gerar menos diacetil, também ajuda na suposta diminuição de esteres (digo "suposta" pois nesse caso eu já não acredito que simplesmente inocular em temperatura mais alta fariam mais ésteres serem gerados - por tudo que li, isso é definido na temperatura de início da fermentação, e não na lag-phase).
Abraço!