Sou fã da Urquell e quebrei bastante a cabeça tentando entender o que acontece ali e em outras Tchecas que proporcionam uma experiência sensorial diferente da vivenciada ao tomar Bohemia pilsners nacionais: um aroma/sabor de malte diferente, limpo, adocicado, cereal, difícil de explicar.
Agua mole, pilsen de boa qualidade, melanoidina/decocção, mosturação pra dextrina, saaz... tudo já foi dito. Testei todos usando sempre o w-34/70 e o "método acelerado" de fermentação de lagers: nunca consegui o que queria. Um dia resolvi mudar a abordagem e focar no perfil da fermentação e a mágica aconteceu.
Inoculação a 5 °C, primária a 9 °C, resfriamento lento até perto de 0 ° C após atingir 40-60 % da. atenuação, lagering... método clássico de fermentação de lagers. Ao final da fermentação por esse método há açúcares residuais e subprodutos da fermentação que não resistem ao "método acelerado" (No braukaiser tem a explicação detalhada do método clássico e implicações). Pra mim isso faz muita diferença, e mesmo com IBU de 40, 1.015 de FG, OG de 1.048, saaz...se não tiver esse sabor não fica igual.
Água mole, pilsen Continental, decocção/melano (não mais que 5% pra mim) mosturação pra dextrina (FG 1.014-5) e saaz, w-34/70 (exige paciência no lagering pq é uma cepa muito sulfurosa) vira uma cerveja limpa - sem ésteres frutados comumente encontrado nos exemplares comercias nacionais - além de maltada próximo do que é um bom exemplar de Bohemia pilsner.
O marco de atenuação usado pra começar abaixar a temperatura pra finalizar a primária também me parece influenciar nesse sabor. Acredito que usar uma levedura mais próxima da urquell, que não é o caso da w-34/70, também deva influenciar - estou pra mudar de levedura, mas posso dizer que com uma boa prática de fermentação e lagering se obtem uma excelente Bohemia pilsner.
A conclusão que cheguei é que a fermentação importa mais que o grist pra se ter o sabor maltado marcantes das pilsners tchecas e outras lagers continentais.