CarlosPires
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- Feb 20, 2015
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Pessoal, estou pegando essa excelente discussão só hoje, mas gostaria de deixar minha impressão também.
Não vou entrar no mérito do Sergio dever ou não fazer a pasteurização, mas queria destacar tudo o que foi descrito como sendo a preocupação do mesmo: a cerveja depois de alguns dias não tem mais o mesmo frescor que possuía logo no final da refermentação.
Foram excelentes todas as recomendações sobre o processo, e gostei especialmente das referências a oxidação nesse caso. Porém, a meu ver estamos deixando de lado um fato importantíssimo: na maioria dos estilos de cerveja, e em especial numa weiss, a cerveja recém refermentada possui mesmo um frescor (desde que devidamente produzida e maturada) virtualmente impossível de se manter por muitos dias! E isso não é defeito, é exatamente uma das maiores qualidades de um alimento fresco!
O único modo de preservar todas as características de sabor (incluindo aroma) de uma cerveja fresca seria por um processo que conseguisse tornar o conteúdo da garrafa absolutamente inerte sem alterar nenhuma das características que queremos preservar.
A pasteurização, inclusive por tudo o que foi relembrado nessa discussão, não é esse processo, porque efetivamente provê um produto um pouco mais inerte ao final, mas não sem antes alterar as características do líquido a ser preservado.
Quando um fabricante deseja vender um produto que possua características de alimento fresco mesmo depois de semanas, o que ele faz é elencar todas essas características e desenvolver receita, método de produção e estabilização que façam com que o produto pós-pasteurização tenha determinado sabor compatível com aquele frescor desejado. Mas perceba que, nesse caso, o produto antes da pasteurização não é igual ao pós-pasteurização, e sim uma versão desenhada para se parecer mais com um produto fresco depois de passar pelo processo.
E resumo, eu defendo muito que não podemos perder de vista que a cerveja é sim um alimento, não inerte, que passa por transformações em questão de dias, e que o produto que não é mais fresco (seja pasteurizado ou não) definitivamente não vai mais possuir as características do mesmo produto quando estava fresco.
Isso não significa que o produto que não é mais fresco é pior, ele é apenas diferente, e há quem prefira um ou o outro. Eu particularmente prefiro uma weiss, de qualquer produtor, mais fresca.
É por isso que milhares de cervejeiros caseiros preferem produzir com mais frequência e em quantidades que serão consumidas mais rapidamente do que levas maiores de um produto cujo frescor naturalmente se perdeu.
Por fim, acredito muito na importância de não esquecermos que a cerveja é um alimento, e que um produto de qualidade superior deve ter em sua formulação e produção tantos aspectos de gastronomia quanto todos esses de engenharia de alimentos tão discutidos no fórum.
Nem o pão de forma melhor produzido no mundo, uniforme, consistente, inerte chega nem perto em sabor daquele recém tirado do forno de sua casa.
Abraços,
Não vou entrar no mérito do Sergio dever ou não fazer a pasteurização, mas queria destacar tudo o que foi descrito como sendo a preocupação do mesmo: a cerveja depois de alguns dias não tem mais o mesmo frescor que possuía logo no final da refermentação.
Foram excelentes todas as recomendações sobre o processo, e gostei especialmente das referências a oxidação nesse caso. Porém, a meu ver estamos deixando de lado um fato importantíssimo: na maioria dos estilos de cerveja, e em especial numa weiss, a cerveja recém refermentada possui mesmo um frescor (desde que devidamente produzida e maturada) virtualmente impossível de se manter por muitos dias! E isso não é defeito, é exatamente uma das maiores qualidades de um alimento fresco!
O único modo de preservar todas as características de sabor (incluindo aroma) de uma cerveja fresca seria por um processo que conseguisse tornar o conteúdo da garrafa absolutamente inerte sem alterar nenhuma das características que queremos preservar.
A pasteurização, inclusive por tudo o que foi relembrado nessa discussão, não é esse processo, porque efetivamente provê um produto um pouco mais inerte ao final, mas não sem antes alterar as características do líquido a ser preservado.
Quando um fabricante deseja vender um produto que possua características de alimento fresco mesmo depois de semanas, o que ele faz é elencar todas essas características e desenvolver receita, método de produção e estabilização que façam com que o produto pós-pasteurização tenha determinado sabor compatível com aquele frescor desejado. Mas perceba que, nesse caso, o produto antes da pasteurização não é igual ao pós-pasteurização, e sim uma versão desenhada para se parecer mais com um produto fresco depois de passar pelo processo.
E resumo, eu defendo muito que não podemos perder de vista que a cerveja é sim um alimento, não inerte, que passa por transformações em questão de dias, e que o produto que não é mais fresco (seja pasteurizado ou não) definitivamente não vai mais possuir as características do mesmo produto quando estava fresco.
Isso não significa que o produto que não é mais fresco é pior, ele é apenas diferente, e há quem prefira um ou o outro. Eu particularmente prefiro uma weiss, de qualquer produtor, mais fresca.
É por isso que milhares de cervejeiros caseiros preferem produzir com mais frequência e em quantidades que serão consumidas mais rapidamente do que levas maiores de um produto cujo frescor naturalmente se perdeu.
Por fim, acredito muito na importância de não esquecermos que a cerveja é um alimento, e que um produto de qualidade superior deve ter em sua formulação e produção tantos aspectos de gastronomia quanto todos esses de engenharia de alimentos tão discutidos no fórum.
Nem o pão de forma melhor produzido no mundo, uniforme, consistente, inerte chega nem perto em sabor daquele recém tirado do forno de sua casa.
Abraços,